MIRANDA
Juan G. Abad Zapatero, ilustre historiador i escritor espanhol, muito amigo de Miranda do Douro, sobre a origem do nome Miranda escrevia ele em 1984:
«Perante o nome Miranda cabe sempre a dúvida. Miranda é um vocábulo vivíssimo e desde logo antigo, como apelativo, pelo menos na linguagem do ocidente. O seu sentido como Mirador, ou lugar com boas vistas parece claro.
Documentalmente está este nome expresso e disperso por múltiplas ocasiões, desde os séculos XII e XIII e costuma ser utilizado como acepção secundária desde estes séculos até ao século XIX.
Chama-se Miranda ao ponto mais alto dos torreões existentes nos castelos, ponto desde o qual é possível uma ampla observação – Miranda -, mas a base desta utilização será sem dúvida a de Mirador, como a definiu Mistral.
Na península Ibérica Miranda é nome muito antigo e muito vastamente difundido. D. Pascual Madoz, no seu celebérrimo dicionário, não desamortiza o nome, mas cita-o constantemente.
No guia dos povos de Espanha, encontramos nada menos que dezanove núcleos de povoação com o nome de Miranda:
Miranda – Aviléz (Oviedo)
Miranda – Breña Alta (S.ta Cruz de Tenerife)
Miranda – Cangas (Pontevedra)
Miranda – La Cañiza (Pontevedra)
Miranda – Cartagena (Murcia)
Miranda – Castroverde (Lugo)
Miranda (LA) – Esplugas de Llobregat (Barcelona)
Miranda – Gondomar (Pontevedra)
Miranda – Gueñes ( vizcaya)
Miranda (La) – Llanera (Oviedo)
Miranda – Parada del Sil (Orense)
Miranda – Santa Cruz de la Palma (Santa Cruz de Tenerife)
Miranda – de Arga – (Navarra)
Miranda – de Azán – (Salamanca)
Miranda – de Duero – Tardajos de Duero (Soria)
Miranda – de Ebro – (Burgos)
Miranda – de Castañar – (Salamanca)
Miranda de Rey – Santa Elena (Jaen)
Miranda de Pericalvo – Galindo y Perahuy (Salamanca)
As Mirandas portuguesas que pude recolher são variadas: há uma Miranda na serra pertencente ao distrito de Viana do Castelo; uma segunda Miranda pertencente ao concelho de Guimarães: a terceira é Santa Maria de Miranda, também relacionada geograficamente com Viana do Castelo, no arcebispado de Braga. Esta Miranda é também muito antiga, onde existiu um mosteiro Beneditino, fundado, segundo é tradição, por S, Frutuoso no ano de 659.
Miranda do Corvo é vila importante, sede de concelho de seu nome, pertence ao distrito de Coimbra, no centro de Portugal, sita no vale do Mondego numa cova entre serras, na célebre região da Lousã.
Colocamos em quinto lugar a cidade de Miranda do Douro, fechando com ela o ciclo das Mirandas portuguesas recolhidas.
Juntamente com estas, encontramos na freguesia de Sacavém, ao lado do Tejo e junto a Lisboa, um Mirandas, plural singularíssimo e altamente significativo.
Mirandela é diminutivo português, e com este nome há uma cidade no distrito de Bragança, província de Trás – os – Montes, de grandes paisagens.
A pergunta perante este nome surge imediata: têm todas as Mirandas igual significado? Aparentemente assim será, embora experiências variadas incitem a pensar noutras possibilidades.
Em princípio Miranda, em castelhano, é uma palavra importada, possivelmente estrangeira.
O vocábulo occitano pode ter tido um uso local e aplicou-se, entre outros, como vimos, a um lugar ao Norte da actual província de Burgos, actualmente a segunda cidade importante na sua delimitação.
As dezanove Mirandas espanholas são muitas, quase todas com bastante antiguidade, muito distantes umas das outras, a maioria conserva uma certa importância como núcleos de povoamento ou tiveram-na em séculos anteriores, e isto leva a pensar que nem todas são reflexo de uma situação geográfica mais ou menos privilegiada do ponto de vista paisagístico.
Miranda de Ebro não é precisamente um mirador mas pode ser um lugar de admiração e similar circunstância ocorre em Miranda del Castañar – Salamanca, que repete a analogia na Miranda de Duero, Soriana.
Esta razão deve entendê-la Paul LEBEL na sua proposta que decompõe o céltico Miranda em Miro-randa reduzindo-o simplesmente por haplologia e formando randa, ao qual atribui o valor identificativo de fronteira, o qual concorda com as actuais Mirandas, como veremos.
Os lugares com este nome coincidem geralmente com antigos assentamentos fronteiriços e isto é singularmente coincidente com esta Miranda do Douro, pelo qual através da sua história conhecida encontramos notável afinidade entre randa ou fronteira, mesmo no limite.
Esta Miranda do Douro, estabelecida, colocada precisamente num limite milenário, é política, linguística, com o seu exclusivo Mirandês, possível resultante idiomática de uma situação geográfico-política de encontro entre culturas linguísticas; eclesiásticas entre os reinos de Leão e Portugal, mas além disso é possível que tão claro limite, propiciado pela geografia, já o fora entre Vaceus e Galaicos.»
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